Desejo


“Desejo” em seus inúmeros significamos e aplicações é tema que passeia por toda filosofia, a arte, a psicologia.

Aiaiai, se tem algo que mobilizou a psicologia, em especial a psicanálise, é esse tal do desejo.

E como pensar em terapia de casal sem considerar tudo que o desejo mobiliza? Tudo que somos capazes de fazer, sacrificar, criar etc. em nome de nossos desejos!?!

O que é isso que pulsa em nós serehumaninhos e nos faz querer compartilhar algo da vida com alguém? (Seja só momento ou para resto da vida)

Quando um casal busca terapia pode estar com seus desejos frustrados, sufocados, confusos entre a vida conjunta e o que desejam individualmente. O desejo também pode estar alugado fora da relação.

A ajuda começa quando se olham nos olhos e reconectam ao essencial, dizendo em voz alta: “eu desejo você”.

Em muitos casos falta ao casal se comunicar sobre os desejos, sejam eles planos complexos ou simplesmente do sexo que fazem. Podem ser desejos fantasiosos ou ideias para novas ações. Se falar de desejo trava em casa, podem ir ao consultório.

Agora, pense um pouco só nesta palavra.

Desejo.

Que imagens lhe vêm à mente?

Que emoções ela evoca?

Cuidado Mútuo


As relações de casal são relações entre iguais. Nem sempre foi assim na história, mas isso não vem ao caso aqui.

Não há hierarquia, ou melhor, a visão sobre o casal em terapia é sem hierarquia entre os participantes.

Entre iguais as trocas são mútuas, os esforços equivalentes, as contribuições das diferenças são bem-vindas (ou negociáveis). Como numa dança os passos precisam ritmo, alternância, ora força, ora leveza.

No dia a dia exista uma grande rotatividade de tarefas e funções desde a organização e limpeza, ao estudo e trabalho, pagamentos e finanças, atenção à saúde e lazer.

Quando o casal não funciona numa equivalência, quando a balança de dar e tomar está tombada, o estímulo da terapia é para que se encontrem neste equilíbrio dinâmico.

Cuidado mútuo é dedicação de mostrar os sentimentos, compartilhar o que pensa e conversar sobre seus valores.

É se importar com a vida comum e interesses individuais, sem dominação ou submissão. É perguntar dos desejos, planos e sonhos, ouvir com atenção, perguntar sobre como poderiam ser realizados.

Cuidado mútuo é saber não apenas acertar no presente de aniversário, mas lembrar rotineiramente dos compromissos e gostos do outro. É ter tempo e energia também para se cuidar, relembrando o que encanta e reascende o interesse e paixão.

Como você tem cuidado de sua relação? Como tem cuidado da pessoa que ama?

Proximidade

(…)
Chega perto, vem sem medo
Chega mais meu coração
Vem ouvir este segredo
Escondido num choro ou canção
Se soubesses como eu gosto
Do teu cheiro teu jeito de flor
Não negavas um beijinho
A quem anda perdido de amor
(…)

Os versos de “Falando de amor” de Tom Jobim sempre me deram um “quentinho” no coração. Parecem carregar aquele medo inicial do envolvimento, a promessa do amor duradouro, o desejo de proximidade que vibra com o momento que se percebe o outro encorajando a chegar junto. É uma bela e sedutora conversa.

Depois de tempos de convivência, de morar juntos, a proximidade pode não ser uma experiencia tão romântica.

Pode ser sufocante até, agora em especial pelas crises externas, como se relacionar durante a pandemia, com home office e isolamento social.

Em terapia de casal a gente avalia a qualidade da proximidade atual do casal.

Se pergunta como foi desde o começo, como evoluiu, o que se espera, como gostam de conviver.

Será que a proximidade está recompensadora (aos dois)?

Será que existe espaço para distanciar, preservar a individualidade e reaproximar?

A distância parece impor riscos ao relacionamento?